quarta-feira, 25 de março de 2009

Vacuidade e “Gestão Pública”

Segundo os dicionários: Vacuidade "ausência de ideias, vazio moral ou espiritual” .

Pensar, nem pensar! Isto ocorre quando não somos nós mesmos honestos na intimidade do nosso pensamento. É sempre mais fácil comprar uma ideia pronta, que pode ser uma mentira social ou política, que atende o momento.

Um soneto ou uma poesia, podem ajudar a combater a vacuidade, se refletidos e incorporados.

"Hino à Razão" - Soneto de Antero de Quental

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

"Evolução" poema de Antero de Quental

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

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