quarta-feira, 23 de junho de 2010

Duas Culturas


Nas organizações quando os gestores tratam as atividades necessárias para a geração de um produto ou serviço , como sendo, finalística ou atividade meio de cunho administrativa, criam duas culturas distintas, que estabelecem um abismo, de múltiplas manifestações, e onde a unidade já não é tão óbvia.
De fato, esta separação cultural cria um escuro labirinto, por onde técnicos estão condenados a caminhar em vão, por uma viagem funcional, que já não é a imaginada ou sonhada antes de ingressar na organização, e que provoca perturbação mental, pela desigualdade corporativa observada.
Nas organizações os erros não são sistematicamente criticados e, tampouco, com o tempo, corrigidos, mesmo a ciência da Administração nos alertando, da necessidade de rever procedimentos que acreditávamos como certos, na medida em que substitui o conhecimento velho por conhecimento novo.
Para alguns gestores, provavelmente de boa fé, construtivistas ou relativistas, cujo lema é “viva o erro” ou “tanto faz”, duas culturas, que promovem entre categorias profissionais um apartaid funcional, onde pessoas estão de costas voltadas um para o outro, por não poderem se encarar de frente, são necessárias para a manutenção de um status quo de dominação e poder.
Aprender a pensar, a inquirir, e a criar, exige um ambiente de ordem, e um sentido de responsabilidade, onde não haja hesitações para fixar níveis de conhecimentos, para impor critérios de qualidade, e para fixar metas de resultado. Neste ambiente, um dos pressupostos, decorre do fato, que as pessoas podem mudar sua cultura, e contribuir para a unificação cultural interna, voltada para a ética, a igualdade e a solidariedade.
Será pouco? Pode ser muito.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A liberdade é uma opção da inteligência


Há cerca de 2400 anos, o mestre daoista Zhuangzi (庄子, 370-301 a.C.) contava aos seus discípulos a seguinte parábola:
"Certo homem vivia perturbado ao observar a própria sombra e as pegadas que deixava, que considerava grilhões à sua liberdade. Por isso, decidiu livrar-se delas. Começou a correr, mas sempre que colocava um pé no chão, lá aparecia uma nova pegada, enquanto a sombra o acompanhava sem a menor dificuldade, por maior que fosse a velocidade a que corria. Julgou que não estava andando depressa o suficiente, pelo que aumentou a velocidade da corrida. Até que caiu por terra, morto.
O erro, concluiu Zhuangzi, foi o fato de ele não ter percebido que, se fosse para um lugar sombrio, a sua própria sombra desapareceria; e se tivesse ficado parado, as suas pegadas deixariam de aparecer."
Esta parábola serve para varias reflexões. Qual é a tua reflexão?

domingo, 20 de junho de 2010

Solstício de Inverno


O Solstício de Inverno é o momento em que a Terra está mais inclinada em relação ao Sol e por isso recebe menos luz. O Solstício de Inverno no hemisfério sul, em 2010, acontece no dia 20 de Março de 2010, às 17h32m.

Curiosidades sobre o Solstício de Inverno nas diferentes Culturas
O Solstício de Inverno era conhecido como o “nascimento do sol”. Este acontecimento astronómico era muito importante visto marcar o início do novo ciclo do Sol sobre a Terra, com dias cada vez maiores e mais quentes até ao novo retorno. A esta data associavam-se rituais ou festas muito importantes. Por exemplo: As civilizações mais antigas consideravam o Sol como sendo o filho da luz, a luz para eles representava Deus em vida. Entre os druídas, o solstício era comemorado como o dia da fertilidade e muitas mulheres tentavam engravidar nesse dia.

Os Maias elaboraram um calendário perfeito usando o solstício como o início do ciclo do sol e da lua na Terra. As eras cronológicas em 2010, são todas referidas ao calendário gregoriano.

O dia 14 de Janeiro corresponde ao dia 1 de Janeiro do calendário juliano.

O ano 2010 da era vulgar, ou de Cristo, é o 10.º do século XXI e corresponde ao ano 6723 do período juliano, contendo os dias 2 455 198 a 2 455 561.

O ano 7519 da era bizantina começa no dia 14 de Setembro.

O ano 5771 da era israelita começa ao pôr-do-sol do dia 8 de Setembro.

O ano 4647 da era chinesa (ano do tigre) começa no dia 14 de Fevereiro.

O ano 2786 das Olimpíadas (ou 2º da 697ª), começa no dia 14 de Setembro, ao uso bizantino.

O ano 2763 da Fundação de Roma «ab urbe condita», segundo Varrão, começa no dia 14 de Janeiro.

O ano 2759 da era Nabonassar começa no dia 21 de Abril.

O ano 2670 da era japonesa, ou 22 do período Heisei (que se seguiu ao período Xô-Uá), começa no dia 1 de Janeiro.

O ano 2322 da era grega (ou dos Seleucidas) começa, segundo os usos actuais dos sírios, no dia 14 de Setembro ou no dia 14 de Outubro, conforme as seitas religiosas.

O ano 2048 da era de César (ou hispânica), usada em Portugal até 1422, começa no dia 14 de Janeiro.

O ano 1932 da era Saka, no calendário indiano reformado, começa no dia 22 de Março.

O ano 1727 da era de Diocleciano começa no dia 11 de Setembro.O ano 1432 da era islâmica (ou Hégira) começa ao pôr-do-sol do dia 7 de Dezembro.O ano 166 da era Bahá'í começa no dia 21 de Março.

*Com base nos dados do Observatório Astronómico de Lisboa e do Calendário Celebração do Tempo 2010 (edições Paulinas)".

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um mundo melhor?

Peter Singer
Universidade de Princeton

No séc. V antes da era cristã, o filósofo chinês Mozi, horrorizado com a devastação provocada pela guerra no seu tempo, perguntou: "Qual é a via para o amor universal e o benefício mútuo?" E respondeu à sua própria pergunta: "É considerar os países dos outros como o nosso próprio país". Diz-se que o antigo iconoclasta grego Diógenes, quando inquirido de que país era oriundo, afirmou: "Sou um cidadão do mundo". No final do séc. XX, John Lennon cantou que não é difícil "Imaginar que não há países […] / Imaginar que todas as pessoas / Partilham todo o mundo".
Até há pouco tempo, estes pensamentos foram sonhos de idealistas, desprovidos de impacto prático sobre as realidades difíceis de um mundo de estados-nação. Mas agora começamos a viver numa comunidade global. Quase todos os países chegaram a um acordo compulsivo relativamente às emissões de gases de efeitos de estufa. A economia global deu origem à Organização Mundial do Comércio, ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, instituições que desempenham, porquanto imperfeitamente, algumas funções da governação económica global.Há um tribunal penal internacional a dar os primeiros passos.
A mudança das ideias acerca da intervenção militar com fins humanitários mostra que estamos desenvolvendo uma comunidade mundial, preparada para a aceitar a sua responsabilidade na proteção de cidadãos, de estados que não podem ou não querem protegê-los de massacres ou genocídios. Em declarações e resoluções sonantes, as mais recentes das quais proferidas na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, os líderes mundiais reconheceram que o alívio do sofrimento dos países mais pobres do mundo é uma responsabilidade mundial, embora se aguarde ainda que os atos correspondam às palavras.
Quando as diferentes nações tinham uma vida mais autónoma, era mais compreensível, embora igualmente errado, que as pessoas de um país pensassem não ter obrigações, para lá da obrigação de não ingerência, para com as pessoas dos outros estados. Mas essa época já terminou há muito. Atualmente, como vimos, as nossas emissões de gases de efeito de estufa alteram o clima em que vivem todas as pessoas do mundo. As nossas aquisições de petróleo, diamantes e madeira possibilitam que os ditadores comprem mais armas e fortaleçam o domínio exercido sobre os países que tiranizam.
As comunicações instantâneas mostram-nos como vivem outras pessoas, e estas, por seu turno, ficam a saber como vivemos e aspiram ao nosso modo de vida. Os transportes modernos permitem que mesmo pessoas relativamente pobres percorram milhares de quilómetros, e quando as pessoas estão desesperadas para melhorar a sua situação, as fronteiras revelam-se permeáveis. Como afirmou Branko Milanovic, "É irrealista pensar que as grandes diferenças de rendimento existentes entre as costas norte e sul do Mediterrâneo, ou entre os Estados Unidos e o México, ou entre a Indonésia e a Malásia, podem subsistir sem exercerem uma pressão acrescida para migrar".
A época que se seguiu à assinatura do Tratado de Vestefália (em 1648) marcou o apogeu do estado soberano independente. Protegidas pela suposta inviolabilidade das fronteiras nacionais, as instituições democráticas liberais cimentaram-se nalguns países, ao passo que noutros os governantes levaram a cabo o genocídio dos seus próprios cidadãos. De tempos a tempos, eclodiram guerras sangrentas entre os estados-nação independentes. Embora possamos recordar essa época com alguma nostalgia, não devemos lamentar o seu fim. Ao invés, devemos assentar os alicerces éticos da época de uma só comunidade mundial que se avizinha.
Há um importante obstáculo que se coloca ao avanço nesta direção. Tem de se dizer, numa linguagem franca e direta, que, nos últimos anos, o esforço internacional de construção de uma comunidade mundial foi dificultado pela repetida incapacidade manifestada pelos Estados Unidos para participar nesse processo. Apesar de serem o maior poluidor individual da atmosfera mundial e, numa base per capita, o país que mais desperdiça, entre as principais nações, os Estados Unidos recusaram unir-se aos cento e setenta e oito estados que ratificaram o Protocolo de Quioto. Juntamente com a Líbia e a China, os Estados Unidos votaram contra a criação de um Tribunal Penal Internacional destinado a julgar pessoas acusadas de genocídio e crimes contra a humanidade. Agora que o tribunal parece ir para a frente, o governo norte-americano afirmou não ter qualquer intenção de participar nele. Os Estados Unidos escusam-se insistentemente a pagar as quotas em atraso às Nações Unidas e, em Novembro de 2001, mesmo depois de ter saldado parte da dívida após os ataques de 11 de Setembro, ainda deviam àquela organização 1,07 mil milhões de dólares.
Apesar de serem um dos países mais ricos do mundo, com a economia mais poderosa do mundo, os Estados Unidos contribuem com muito menos para a ajuda externa, em proporção do Produto Interno Bruto, do que qualquer outro país desenvolvido. Quando o país mais poderoso do mundo se escuda atrás daquilo que, até ao dia 11 de Setembro de 2001, considerava ser a segurança do seu poderio militar e se recusa arrogantemente a prescindir de qualquer dos seus direitos e privilégios a favor do bem comum, mesmo quando há outros países a prescindir dos seus direitos e privilégios, as perspectivas de encontrar soluções para os problemas mundiais estão ensombradas.
Só nos resta esperar que, apesar de tudo, quando o resto do mundo enveredar pelo caminho certo, como fez ao assinar o Protocolo de Quioto, e faz agora com a criação do Tribunal Penal Internacional, os Estados Unidos acabem por sentir vergonha e se juntem aos restantes. Se não o fizer, arrisca-se a cair numa situação em que será visto por todos, exceto os seus próprios cidadãos presumidos, como a "superpotência-pária" do mundo. Mesmo de um ponto de vista estrito de satisfação dos interesses próprios, se os Estados Unidos pretendem a cooperação com outros países em questões que são sobretudo do seu interesse, como a luta para a eliminação do terrorismo, não se podem dar ao luxo de serem vistos dessa forma.
Afirmei que, à medida que vão surgindo cada vez mais questões a exigir soluções ao nível mundial, vai diminuindo o grau de autonomia de qualquer estado na determinação do seu futuro. Precisamos, portanto, de fortalecer as instituições onde se realiza a tomada de decisões a esse nível e torná-las mais responsáveis perante as pessoas que afetam. Esta linha de pensamento conduz a uma comunidade mundial com a sua legislatura diretamente eleita, talvez construindo-se lentamente segundo o modelo da União Europeia.
Atualmente, há pouco apoio político a estas ideias. Para lá da ameaça que tal ideia representa para os interesses dos cidadãos dos países ricos, muitos diriam que coloca demasiadas coisas em perigo, visando benefícios que não são certos. Acredita-se amplamente que um governo mundial seria, na melhor das hipóteses, um monstro burocrático não controlado que faria parecer a burocracia da União Europeia uma operação sóbria e eficiente. Na pior das hipóteses, tornar-se-ia uma tirania mundial, não controlada nem questionada.
É necessário considerar seriamente estas reflexões. Precisamos ainda de aprender a evitar que os organismos globais se transformem quer em tiranias perigosas quer em burocracias auto-alimentadoras e, ao invés, se tornem eficazes e responsáveis perante as pessoas cujas vidas afectam. Trata-se de um desafio que não deveria estar além do alcance dos melhores espíritos nos campos da ciência política e da administração pública, uma vez tendo-se ajustado à nova realidade da comunidade global e centrado a sua atenção nas questões da governação que ultrapassa as fronteiras nacionais. Temos de aprender com a experiência de outras organizações multinacionais.
A União Europeia é um organismo federal que adotou o princípio de as decisões devem sempre ser tomadas ao nível mais baixo capaz de lidar com o problema. A aplicação deste princípio, conhecido como subsidiariedade, encontra-se ainda na fase experimental. Mas se resultar no caso da Europa, não é impossível que resulte para todo o mundo.
Precipitarmo-nos para o federalismo mundial seria demasiado arriscado, mas poderíamos aceitar a importância decrescente das fronteiras nacionais e adotar uma abordagem pragmática, gradual, à governação global. Os capítulos anteriores defenderam a existência de boas razões para o estabelecimento de normas globais nas áreas do ambiente e do trabalho.
A Organização Mundial do Comércio deu sinais de apoiar a instituição de regras laborais básicas por parte da Organização Internacional do Trabalho. Se estas regras forem propostas e aceites, não serão de grande utilidade se não existir um organismo global que verifique a sua implementação e permita que outros países imponham sanções comerciais relativas aos bens não produzidos em conformidade com essas regras. Uma vez que a OMC parece ansiosa por passar essa tarefa à OIT, poderíamos ver esta última fortalecida de forma significativa. Poderia ocorrer algo semelhante relativamente às normas ambientais. É mesmo possível imaginar um Conselho de Segurança Económico e Social das Nações Unidas que se encarregaria da erradicação da pobreza global e cujos recursos para esse fim seriam votados em assembleia. Deve considerar-se, com base nos seus méritos, esta e outras propostas específicas para o fortalecimento das instituições mundiais, no sentido de estas levarem a cabo uma tarefa específica.
Os séculos XV e XVI são famosos pelas viagens de descobertas que provaram que a Terra era redonda. O séc. XVIII assistiu às primeiras proclamações dos direitos humanos universais. No séc. XX, a conquista do espaço tornou possível que um ser humano olhasse para o nosso planeta a partir de um ponto a ele exterior e o visse, literalmente, como um só mundo. O séc. XXI vê-se agora a braços com a tarefa de desenvolver uma forma adequada de governação desse mundo único. É um desafio moral e intelectual assustador, mas não se pode voltar-lhe as costas. O futuro do mundo depende da forma como o enfrentarmos.
Peter Singer
Tradução de Maria de Fátima St. Aubyn
Excerto retirado de Um só Mundo (Lisboa: Gradiva, 2004).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O melhor computador


Artigo de opinião de Fernando Boavida, o profesor de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, publicado no diário ‘As Beiras’ em 8 de Março de 2010:

Num mundo cada vez mais digital, no qual os computadores e a informática assumiram um papel de extrema importância para o progresso e o bem estar da Humanidade, difícil de imaginar há apenas duas ou três décadas, é fundamental e, até, perfeitamente natural, que as escolas – desde as básicas às superiores – utilizem e explorem as chamadas novas tecnologias. Afinal de contas, as escolas devem estar na linha da frente no que diz respeito à atualização tecnológica.

De repente, as escolas encheram-se de computadores, quadros interativos, redes, planos tecnológicos e outras ‘modernices’. Qualquer escola que se preze – sobretudo se quer ficar bem na ‘fotografia’ – tem que apostar nas novas tecnologias. Qualquer aluno que se preze tem que fazer os seus trabalhos em computador, muito bem formatados e impressos em impressora laser a cores.

Curiosamente, li há poucos dias (numa mensagem de correio electrónico que recebi no meu inseparável computador) uma notícia sobre um professor de uma escola que não admite qualquer tipo de equipamento electrónico nas suas aulas, seja ele um computador, um PDA, um celular ou outro qualquer dispositivo. Pensar-se-á que será um professor antiquado, numa qualquer escola retrógrada num obscuro país mas, de fato, trata-se de um dinâmico docente numa conceituada escola nos Estados Unidos da América.

Pois esse professor teve a coragem de assumir que o papel dos professores é insubstituível, que os conhecimentos, espírito critico e experiência de muitos anos são algo que se transmite pessoalmente, que a interação entre professores e alunos é de primordial importância para a aprendizagem, que a atenção e concentração dos alunos é mais importante do que a distração e dispersão provocadas por ferramentas tecnológicas mal dominadas por muitos alunos e alguns professores, que nas aulas e em tudo o mais o que é importante é o conteúdo e não a forma, que mais vale um trabalho de uma página escrito à mão que revele raciocínio próprio e ideias sólidas do que um trabalho de vinte ou mais páginas de ‘copy’ e ‘paste’ retirado da Internet.

Mas será, então, errado utilizar as tecnologias da informação e comunicação no ensino? Evidentemente que não. A questão chave é que estas tecnologias são uma ferramenta – importante e indispensável, é certo – mas não um fim em si mesmas. E como ferramentas que são, podem ser bem ou mal utilizadas. Podem ser auxiliares preciosos na descoberta e na aprendizagem, ou podem servir para ofuscar a mente, deslumbrando quem as utiliza e impedindo, dessa forma, que se distinga o que é essencial do que é acessório.

As tecnologias da informação e comunicação têm que ser encaradas, acima de tudo, como uma oportunidade para ensinar melhor. Há, no entanto, que saber escolher os melhores momentos para as utilizar e a melhor forma de tirar partido delas.

Há, sobretudo, que não esquecer que o melhor computador de todos é o cérebro humano e que é esse computador que tem de ser ensinado a pensar, a resolver problemas, a aprender e a inovar. Afinal, esse computador é o único que nunca fica obsoleto e é com ele que os alunos vão trabalhar durante toda a sua vida.

* Retirado do site De Rerum Natura.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cooperatividade organizacional

É um pressuposto, que nas organizações as pessoas cooperam entre si. Cooperam para quê? Para resolverem problemas que de outra forma e sozinhos não seriam capazes de resolver, pelo menos tão eficazmente, ou em outra perspectiva, cooperam para produzir sinergia, ou seja, resultados que individualmente não produziriam.

Na área privada, as empresas que não possuem uma estrutura extremamente “arrumada”, a desordem significa a falência anunciada. É interessante verificar que as organizações que sobrevivem neste mercado competitivo, possuem como característica comum a cooperação, inclusive entre a concorrência. Isto é, uma cooperação em que o trabalho minuciosamente regulado e coordenado de vários subsistemas permite executar tarefas progressivamente mais complexas com um mínimo de energia, impossíveis de realizar com eficácia igual por cada uma das partes isoladamente. Como se costuma dizer, o resultado é “maior” do que a soma das partes.

Há muitas evidências de que a quantidade de trabalho útil produzido para a sociedade, esteja sendo perdido, em razão da desordem no meio político envolvente, que ainda não sabe identificar quais são os resultados que efetivamente precisam ser gerados.

Nestes ambientes onde a desordem é a regra, fica sendo pouco provável encontrar ações que produzam sinergia, pela ausência de cooperação. As ações políticas nem sempre convergem para as ações sociais, o que na prática é uma contradição, na media em que os representantes da sociedade são os representantes políticos, que em tese, deveriam ser vistos como partes de uma bela amizade, muito vantajosa para as partes envolvidas.

Infelizmente, quando não existe cooperação, o que se estabelece é a competição, e o que deveria ser uma bela amizade, se transforma numa triste rivalidade, e o resultado que deveria ser para o bem comum, se perde em ações sem sentido, ou em ações escusas, de desvios de recursos para particulares, que se aproveitam desta desordem.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A conveniência de um DNA modificado


"Vergonha é ...

O que a gente faz
É por debaixo dos panos
Pra ninguém saber"
Ney Matogrosso

Agir de acordo com os preceitos morais nem sempre vai ao encontro das nossas conveniências e comodidades. Há quem defenda tratar-se de uma questão de caráter, onde os termos “relativo” e “tolerante”, não afetariam a conduta, concepção moral e índole de uma pessoa.

Porém, as convinientes falhas de caráter, servem para algum propósito em relação aos interesses pessoais, e pode ser observada sempre que uns certos membros de governo, adotam posturas diferentes para julgar ações de terceiros e ações cometidas em razão da conveniência de seus interesses. O problema não reside na interpretação relativa ou tolerante, mas no fato do que é proibido.

O princípio do problema reside no fato de esta gente:
1. se arvorar em defensora de uma moralidade única, como se todos os demais fossem perigosos inimigos públicos,
2. ignorar algumas leis de restrição de direito administrativo, dando a entender que a lei é para nós, o povo, e nunca para os dirigentes, a elite.
Mas o problema tem uma outra dimensão mais grave, que se materializa nas justificações dadas, e que são piores do que o próprio ato, na medida em que subestimam a inteligência dos demais mortais.
Portanto, estes seres especiais, geneticamente diferenciados, agem sem culpa, na medida em que sempre é possível relativar e tolerar o cumprimento da lei, em favor da eficácia de uma gestão governamental privatizada. E, num país onde desvios de alguns milhares de reais, é coisa normal, quem dará por falta de outros milhares, quando desviados por trás de uma cortina ilibada!