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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ler devia ser proibido



"Pensando a respeito, eu também acho que ler devia ser proibido.
Tomar consciência de realidades e despertar a imaginação, só vai trazer problemas para a tua vida pacata. Você vai começar a questionar os motivos pelos quais pessoas se posicionam sem conhecimento de causa, ou com base em achismo de outros.
Você vai votar errado ao escolher o melhor candidato e não o candidato popular, e isso pode mudar os rumos da sociedade onde você vive.
Vou seguir um conselho? Silêncio.
Ao ler você passa a pensar com a tua cabeça e isto é muito perigoso.

domingo, 17 de abril de 2011

Programa Município Seguro




Da crítica a venda do medo e da insegurança, o Programa Município Seguro da SSP-SC é uma resposta do Estado, monstrando que na maioria dos municípios catarinense a segurança pública é uma realidade. E mesmo nos municípios que presentam ocorrência criminal, a insegurança é localizada e pontual, e que a generalização de problemas é no mínimo sem propósito.


Se as cidades são espaços de convivência humana e locais de troca de experiência, de expectativas e de realização de sonhos e de ideais, é possível inferir que uma forma de aferir o tamanho da democracia de uma cidade também pode ser medida pelo tamanho da acessibilidade a informação que ela disponibiliza.


Nas cidades exercitamos a vida, e esperamos que isso seja possível de ser feito com autonomia e segurança, que não pode ser tratada apenas como um sentimento, mas como um bem. Mas como alcançar esse objetivo?


Talvez, a simples divulgação de dados do Programa Município Seguro, permita criar pela simples identificação das ocorrências, um diagnóstico da situação de segurança existente nos municípios do Estado, que não é divulgada, e que pode ser um contra-ponto a insegurança generalizada que se divulga.


O olhar atento aos números da segurança é uma forma adicional combater injustiças decorrentes de divulgações inaceitáveis. Partindo do pressuposto da importância desse programa para a melhoria da qualidade de vida da cidade, esperamos que o quadro comparativo entre as cidades, permita um crescimento permanente da percepção da segurança existente.



Confira: http://www.ssp.sc.gov.br/

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Opção política

"Se consegui ver mais longe é porque estava aos ombros de gigantes”. Isaac Newton.

No livro “Aos Ombros de Gigantes” de Stephen Hawking, o autor relaciona que o empreendimento humano da descoberta do mundo, avança através da subida nos ombros de Gigantes, portanto, a obra de Newton nunca teria sido possível sem Copérnico, Galileu e Kepler. Foi longa a espera – mais de duzentos anos - até surgir um outro gigante que conseguiu subir aos ombros de Newton. O seu nome foi Albert Einstein. A pirâmide dos físicos não está certamente acabada: um dia alguém subirá certamente para os ombros de Einstein, e verá mais longe do que ele, acrescentando algo a Einstein sem destruir a parte essencial do que ele propôs.

A frase de Isaac Newton tem imprimido para mim um questionamento. Se ela é verdadeira para todos os ramos da ciência, em que momento da história, a ciência política, rompeu este paradigma?

O políticos atuais já não sobem mais em ombros de gigantes, preferem ficar grudados em tetas ou puxando o saco, ou simultaneamente teta e saco. Não se percebe mais o significado da visão do ver mais longe.

A ausência de políticos aos ombros de gigantes, propicia situações sociais como as vivenciadas hoje pela população da Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. A desgraça é que este cenário atual, tem grande possibilidade de ser o cenário futuro para muitas cidades brasileiras, que estão seguindo pelos mesmos caminhos já percorridos por políticos daquele Estado.

Para os políticos que serão empossados, os caminhos que se apresentam são de duas grandezas: a opção pela mediocridade e dinheiro no bolso, cueca, meia, peruca, etc; ou a opção por se tornarem gigantes.

domingo, 31 de outubro de 2010

O Sonho



Nos anos 80 sonhava-se com o futuro. Sonhava-se que a ciência iria resolver os problemas humanos, a fome seria suprimida e a automação iria substituir o trabalho mais pesado, permitindo uma maior justiça social. Energia e software eram quanto precisávamos para obter os nossos recursos. O trabalho humano seria menos necessário, e os produtos resultantes da automação seriam cada vez mais baratos.


Para manter o pleno emprego, o horário de trabalho seria reduzido e a reforma viria mais cedo. Como as pessoas viveriam mais tempo, elas podiam, a partir de certa altura, encetar uma nova vida e dispor de mais tempo para o convívio e educação dos mais novos. Haveria mais produção artística e intelectual e inovadora que resultaria do gosto de criar, o que se faria por opção. Na verdade, já estávamos nesse caminho.


Desde então, existiram imensos progressos da genética, da engenharia, da energética e da informática que facilitariam o sonho. A automação aumentou, os seus produtos embarateceram, apareceram as energias renováveis e o software não pára de substituir o trabalho humano, cada vez menos necessário. Mas aumentaram as exigências e o horário de trabalho, bem como a idade da reforma, à custa de um desemprego cada vez maior.


Temos hoje melhores condições para cumprir o sonho, no entanto caminhamos no sentido inverso, em direcção ao pesadelo. Nos anos 80 sonhava-se porque não se tinha previsto que o lucro fosse o valor supremo dos anos que a seguir viriam.


Texto de J. Pio de Abreu publicado no blog De Rerum Natura

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

45 anos de Administração

A profissão de administrador é historicamente recente e foi regulamentada no Brasil em 9 de setembro de 1965, data em que se comemora o Dia do Administrador. Com 45 anos, a profissão de Administrador entra em sua melhor idade.

Como ciência é um ramo das ciência humanas, ditas sociais, pois trata dos agrupamentos humanos, mas com uma peculiaridade que é o olhar holístico, buscando a perfeita integração entre pessoas, estrutura e recursos.
Além dos conhecimentos específicos em Administração, a técnica administrativa utiliza conhecimentos do Direito, Contabilidade, Economia, Matemática e Estatística. São igualmente importantes para a ciência da administração a Psicologia e a Sociologia, sem esquecermos da Informática.
Instituições de Direito Público ou Instituições de Direito Privado criadas para fins lucrativos ou para finalidades sociais, dependem da ciência da administração para funcionarem, assim como o veículo precisa do piloto para o conduzir.

Embora a profissão tenha a sua reserva de mercado definida em lei, assim como possui o Contador, o Médico, e o Advogado, entre outras profissões regulamentadas, a fiscalização do exercício da profissão ainda é tímida, em razão da tolerância do Ministério Público, do Poder Judiciário, e do Poder Legislativo, em patrocinar a prática criminal do exercício irregular da profissão de Administrador, em suas instituições, quando criam cargos com nomenclaturas genéricas, mas que reproduzem no seu escopo atribuições privativas do Administrador, ou nomeiam servidores e membros sem o conhecimento e a técnica do Administrador, para cargos em área privativa do Administrador.

Para aqueles que sonham com um Estado e uma Justiça ágil e efetiva, o caminho para a realidade, passa pela valorização do Administrador. Cada Profissional no seu quadrado

Parabéns Administrador.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Uma nova forma de prestar contas

As Universidades são ótimas em mostrar nas formaturas, os índices estatísticos sobre o crescimento do orçamento, a expansão de cursos, o incremento do quadro de docentes e alunos, e o volume da produção acadêmica, mas falta algo.
Devemos querer saber mais das universidades, principalmente a respeito de:
1. Quantas empresas foram criadas pelos seus alunos.

2. Quantos empregos foram criados por essas empresas.

3. Qual o volume de negócios dessas empresas.

4. Quanto representa do PIB nacional.

5. Dos seus docentes e investigadores quantas patentes resultaram.

6. Quantas foram vendidas e deram lucro.

7. Quantas deram origem a spin-offs.

8. Qual o impacto da universidade nas exportações brasileiras.

9. Qual o valor acrescentado de um aluno da universidade: custa quanto e vale quanto.

10. Qual o impacto da universidade no cenário internacional de I&D: docentes e investigadores.

11. Quantos projetos têm a universidade.

12. Quanto valem os projetos em percentagem do orçamento da Universidade.

Segundo o Engenheiro e Jornalista J. Roberto Pires (Rerum Natura), obter esta informação dá muito trabalho. Eu penso que ele está certo, pois até hoje não encontrei qualquer tipo de prestação de contas, que respondesse as perguntas acima formuladas.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O espetáculo das Ideias

A capacidade de criar é um processo lento, sendo necessário utilizar estratégias próprias para o tornar compreensível. As grandes ideias exigem disponibilidade de tempo, teimosia e o direito ao fracasso, isto é, à eventualidade de maus resultados que podem ser apenas o prefácio de grandes triunfos.
A primeira etapa deste processo acontece quando o intelecto humano descobre as faculdades da capacidade crítica de análise, a curiosidade que não respeita dogmas nem ministérios, o sentido de raciocínio lógico, a sensibilidade para apreciar as mais altas realizações do espírito humano,e a visão de conjunto, face ao panorama do saber.
A segunda etapa da criação de idéias é o de sobreviver com o propósito e o despropósito, que se infiltra insidiosamente no espírito dos burocratas e dos empresários da investigação que tudo corroem, como cancro incontrolável e sinistro, no desperdício e na aparente inutilidade que se nega a avaliar a qualidade da própria cultura em que está inserida a mentalidade dominante. A mediocridade traz a inveja, o rancor e a maledicência.
A qualidade no trabalho nas pessoas afasta a mesquinhez. Em vez de uma competição em que se procura denegrir a idéia, as pessoas devem cooperar na investigação e nas dinâmicas de afirmação. A outra dinâmica e outras possibilidades. Isto requer ideias largas, que a própria cooperação e os bons resultados, aparecendo, vão potenciar.
Um cidadão grego, conhecido por Tales (ou Tales de Mileto), que passou à história como primeiro filósofo ocidental, um dos “Sete Sábios” da Grécia Antiga. Passeava, com o seu discípulo Anaxímenes, ao longo da margem de um curso de água. Discutiam, entre outras coisas, a evolução da Natureza. Tales argumentava que o “elemento” água era o primaz de todas as coisas. Anaxímenes contrapunha que era o ar. Discutiam ideias, olhos argutamente atentos às transformações do Universo.
Sem medo de errar, o mundo em que vivemos, sem temer “fins de mundos”, nos leva através do intelecto humano, numa grande e gratificante viagem por mares ainda não navegados pela ciência, mas já relatado por viajantes mitológicos e religiosos, que perderam no tempo os mapas mentais originais.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Duas Culturas


Nas organizações quando os gestores tratam as atividades necessárias para a geração de um produto ou serviço , como sendo, finalística ou atividade meio de cunho administrativa, criam duas culturas distintas, que estabelecem um abismo, de múltiplas manifestações, e onde a unidade já não é tão óbvia.
De fato, esta separação cultural cria um escuro labirinto, por onde técnicos estão condenados a caminhar em vão, por uma viagem funcional, que já não é a imaginada ou sonhada antes de ingressar na organização, e que provoca perturbação mental, pela desigualdade corporativa observada.
Nas organizações os erros não são sistematicamente criticados e, tampouco, com o tempo, corrigidos, mesmo a ciência da Administração nos alertando, da necessidade de rever procedimentos que acreditávamos como certos, na medida em que substitui o conhecimento velho por conhecimento novo.
Para alguns gestores, provavelmente de boa fé, construtivistas ou relativistas, cujo lema é “viva o erro” ou “tanto faz”, duas culturas, que promovem entre categorias profissionais um apartaid funcional, onde pessoas estão de costas voltadas um para o outro, por não poderem se encarar de frente, são necessárias para a manutenção de um status quo de dominação e poder.
Aprender a pensar, a inquirir, e a criar, exige um ambiente de ordem, e um sentido de responsabilidade, onde não haja hesitações para fixar níveis de conhecimentos, para impor critérios de qualidade, e para fixar metas de resultado. Neste ambiente, um dos pressupostos, decorre do fato, que as pessoas podem mudar sua cultura, e contribuir para a unificação cultural interna, voltada para a ética, a igualdade e a solidariedade.
Será pouco? Pode ser muito.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um mundo melhor?

Peter Singer
Universidade de Princeton

No séc. V antes da era cristã, o filósofo chinês Mozi, horrorizado com a devastação provocada pela guerra no seu tempo, perguntou: "Qual é a via para o amor universal e o benefício mútuo?" E respondeu à sua própria pergunta: "É considerar os países dos outros como o nosso próprio país". Diz-se que o antigo iconoclasta grego Diógenes, quando inquirido de que país era oriundo, afirmou: "Sou um cidadão do mundo". No final do séc. XX, John Lennon cantou que não é difícil "Imaginar que não há países […] / Imaginar que todas as pessoas / Partilham todo o mundo".
Até há pouco tempo, estes pensamentos foram sonhos de idealistas, desprovidos de impacto prático sobre as realidades difíceis de um mundo de estados-nação. Mas agora começamos a viver numa comunidade global. Quase todos os países chegaram a um acordo compulsivo relativamente às emissões de gases de efeitos de estufa. A economia global deu origem à Organização Mundial do Comércio, ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, instituições que desempenham, porquanto imperfeitamente, algumas funções da governação económica global.Há um tribunal penal internacional a dar os primeiros passos.
A mudança das ideias acerca da intervenção militar com fins humanitários mostra que estamos desenvolvendo uma comunidade mundial, preparada para a aceitar a sua responsabilidade na proteção de cidadãos, de estados que não podem ou não querem protegê-los de massacres ou genocídios. Em declarações e resoluções sonantes, as mais recentes das quais proferidas na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, os líderes mundiais reconheceram que o alívio do sofrimento dos países mais pobres do mundo é uma responsabilidade mundial, embora se aguarde ainda que os atos correspondam às palavras.
Quando as diferentes nações tinham uma vida mais autónoma, era mais compreensível, embora igualmente errado, que as pessoas de um país pensassem não ter obrigações, para lá da obrigação de não ingerência, para com as pessoas dos outros estados. Mas essa época já terminou há muito. Atualmente, como vimos, as nossas emissões de gases de efeito de estufa alteram o clima em que vivem todas as pessoas do mundo. As nossas aquisições de petróleo, diamantes e madeira possibilitam que os ditadores comprem mais armas e fortaleçam o domínio exercido sobre os países que tiranizam.
As comunicações instantâneas mostram-nos como vivem outras pessoas, e estas, por seu turno, ficam a saber como vivemos e aspiram ao nosso modo de vida. Os transportes modernos permitem que mesmo pessoas relativamente pobres percorram milhares de quilómetros, e quando as pessoas estão desesperadas para melhorar a sua situação, as fronteiras revelam-se permeáveis. Como afirmou Branko Milanovic, "É irrealista pensar que as grandes diferenças de rendimento existentes entre as costas norte e sul do Mediterrâneo, ou entre os Estados Unidos e o México, ou entre a Indonésia e a Malásia, podem subsistir sem exercerem uma pressão acrescida para migrar".
A época que se seguiu à assinatura do Tratado de Vestefália (em 1648) marcou o apogeu do estado soberano independente. Protegidas pela suposta inviolabilidade das fronteiras nacionais, as instituições democráticas liberais cimentaram-se nalguns países, ao passo que noutros os governantes levaram a cabo o genocídio dos seus próprios cidadãos. De tempos a tempos, eclodiram guerras sangrentas entre os estados-nação independentes. Embora possamos recordar essa época com alguma nostalgia, não devemos lamentar o seu fim. Ao invés, devemos assentar os alicerces éticos da época de uma só comunidade mundial que se avizinha.
Há um importante obstáculo que se coloca ao avanço nesta direção. Tem de se dizer, numa linguagem franca e direta, que, nos últimos anos, o esforço internacional de construção de uma comunidade mundial foi dificultado pela repetida incapacidade manifestada pelos Estados Unidos para participar nesse processo. Apesar de serem o maior poluidor individual da atmosfera mundial e, numa base per capita, o país que mais desperdiça, entre as principais nações, os Estados Unidos recusaram unir-se aos cento e setenta e oito estados que ratificaram o Protocolo de Quioto. Juntamente com a Líbia e a China, os Estados Unidos votaram contra a criação de um Tribunal Penal Internacional destinado a julgar pessoas acusadas de genocídio e crimes contra a humanidade. Agora que o tribunal parece ir para a frente, o governo norte-americano afirmou não ter qualquer intenção de participar nele. Os Estados Unidos escusam-se insistentemente a pagar as quotas em atraso às Nações Unidas e, em Novembro de 2001, mesmo depois de ter saldado parte da dívida após os ataques de 11 de Setembro, ainda deviam àquela organização 1,07 mil milhões de dólares.
Apesar de serem um dos países mais ricos do mundo, com a economia mais poderosa do mundo, os Estados Unidos contribuem com muito menos para a ajuda externa, em proporção do Produto Interno Bruto, do que qualquer outro país desenvolvido. Quando o país mais poderoso do mundo se escuda atrás daquilo que, até ao dia 11 de Setembro de 2001, considerava ser a segurança do seu poderio militar e se recusa arrogantemente a prescindir de qualquer dos seus direitos e privilégios a favor do bem comum, mesmo quando há outros países a prescindir dos seus direitos e privilégios, as perspectivas de encontrar soluções para os problemas mundiais estão ensombradas.
Só nos resta esperar que, apesar de tudo, quando o resto do mundo enveredar pelo caminho certo, como fez ao assinar o Protocolo de Quioto, e faz agora com a criação do Tribunal Penal Internacional, os Estados Unidos acabem por sentir vergonha e se juntem aos restantes. Se não o fizer, arrisca-se a cair numa situação em que será visto por todos, exceto os seus próprios cidadãos presumidos, como a "superpotência-pária" do mundo. Mesmo de um ponto de vista estrito de satisfação dos interesses próprios, se os Estados Unidos pretendem a cooperação com outros países em questões que são sobretudo do seu interesse, como a luta para a eliminação do terrorismo, não se podem dar ao luxo de serem vistos dessa forma.
Afirmei que, à medida que vão surgindo cada vez mais questões a exigir soluções ao nível mundial, vai diminuindo o grau de autonomia de qualquer estado na determinação do seu futuro. Precisamos, portanto, de fortalecer as instituições onde se realiza a tomada de decisões a esse nível e torná-las mais responsáveis perante as pessoas que afetam. Esta linha de pensamento conduz a uma comunidade mundial com a sua legislatura diretamente eleita, talvez construindo-se lentamente segundo o modelo da União Europeia.
Atualmente, há pouco apoio político a estas ideias. Para lá da ameaça que tal ideia representa para os interesses dos cidadãos dos países ricos, muitos diriam que coloca demasiadas coisas em perigo, visando benefícios que não são certos. Acredita-se amplamente que um governo mundial seria, na melhor das hipóteses, um monstro burocrático não controlado que faria parecer a burocracia da União Europeia uma operação sóbria e eficiente. Na pior das hipóteses, tornar-se-ia uma tirania mundial, não controlada nem questionada.
É necessário considerar seriamente estas reflexões. Precisamos ainda de aprender a evitar que os organismos globais se transformem quer em tiranias perigosas quer em burocracias auto-alimentadoras e, ao invés, se tornem eficazes e responsáveis perante as pessoas cujas vidas afectam. Trata-se de um desafio que não deveria estar além do alcance dos melhores espíritos nos campos da ciência política e da administração pública, uma vez tendo-se ajustado à nova realidade da comunidade global e centrado a sua atenção nas questões da governação que ultrapassa as fronteiras nacionais. Temos de aprender com a experiência de outras organizações multinacionais.
A União Europeia é um organismo federal que adotou o princípio de as decisões devem sempre ser tomadas ao nível mais baixo capaz de lidar com o problema. A aplicação deste princípio, conhecido como subsidiariedade, encontra-se ainda na fase experimental. Mas se resultar no caso da Europa, não é impossível que resulte para todo o mundo.
Precipitarmo-nos para o federalismo mundial seria demasiado arriscado, mas poderíamos aceitar a importância decrescente das fronteiras nacionais e adotar uma abordagem pragmática, gradual, à governação global. Os capítulos anteriores defenderam a existência de boas razões para o estabelecimento de normas globais nas áreas do ambiente e do trabalho.
A Organização Mundial do Comércio deu sinais de apoiar a instituição de regras laborais básicas por parte da Organização Internacional do Trabalho. Se estas regras forem propostas e aceites, não serão de grande utilidade se não existir um organismo global que verifique a sua implementação e permita que outros países imponham sanções comerciais relativas aos bens não produzidos em conformidade com essas regras. Uma vez que a OMC parece ansiosa por passar essa tarefa à OIT, poderíamos ver esta última fortalecida de forma significativa. Poderia ocorrer algo semelhante relativamente às normas ambientais. É mesmo possível imaginar um Conselho de Segurança Económico e Social das Nações Unidas que se encarregaria da erradicação da pobreza global e cujos recursos para esse fim seriam votados em assembleia. Deve considerar-se, com base nos seus méritos, esta e outras propostas específicas para o fortalecimento das instituições mundiais, no sentido de estas levarem a cabo uma tarefa específica.
Os séculos XV e XVI são famosos pelas viagens de descobertas que provaram que a Terra era redonda. O séc. XVIII assistiu às primeiras proclamações dos direitos humanos universais. No séc. XX, a conquista do espaço tornou possível que um ser humano olhasse para o nosso planeta a partir de um ponto a ele exterior e o visse, literalmente, como um só mundo. O séc. XXI vê-se agora a braços com a tarefa de desenvolver uma forma adequada de governação desse mundo único. É um desafio moral e intelectual assustador, mas não se pode voltar-lhe as costas. O futuro do mundo depende da forma como o enfrentarmos.
Peter Singer
Tradução de Maria de Fátima St. Aubyn
Excerto retirado de Um só Mundo (Lisboa: Gradiva, 2004).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O medo causado pela inteligência



“Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas.


O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta".


Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao pupilo que se iniciava n'uma carreira difícil. Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil.


Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:


“Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência”. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência.


Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas, é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos.


Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida.


É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social.


Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras, à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.


Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas... Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.


É um paradoxo angustiante!


Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues... "Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra". O problema é que os inteligentes gostam de brilhar! Que Deus os proteja, então, dos medíocres!...”


Texto retirado da Internet - Autor desconhecido

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LIVROS DISPONÍVEIS PARA DOWNLOAD


Nos últimos anos foram criados diversos sites e ferramentas de divulgação de livros na Internet, que facilitou bastante o acesso às obras de interesse universitário. Vamos conhecê-las.
Gigapedia
A Gigapedia é uma imensa biblioteca virtual, que além de ser gratuita, garante edições íntegras e de ótima qualidade. Funciona como um site de busca (tal qual o google) mas suas buscas concentram-se em jornais, artigos, livros e periódicos. A grande sacada do site é que ele partilha de links de arquivos no formato PDF upados em serviços de alojamento de pastas como o RapidShare e o MegaUpload, 4Shared, etc. Daí, que os próprios usuários a podem adicionar seus livros em pastas e divulgá-las para o gigapedia.
Scribd
O Scribd é considerado o Flickr dos documentos de texto. Lá é possível encontrar uma infinidade arquivos como apostilas, guias, artigos, livros , tudo com opções de baixar tanto em arquivos .doc como em .pdf. Também é gratuito, mas a qualidade das obras não está tão garantida quanto as do Gigapedia.
Outros Sites com livros para Download:
http://www.ebookee.com/
http://www.pdfchm.com/
The Project Gutenberg
Free-ITebooks.com
Biblioteca Digital de Obras Raras e Especiais da USP
http://www.docstoc.com/
http://www.flazx.com/index.php
http://www.dbebooks.biz/
http://www.ebooksdb.com/
http://www.netbks.com/
http://www.ebooksbay.org/
http://www.ibiblio.org/index.html
http://www.anwarica.com/books/
http://downloadable-ebooks.sitesled.com/
http://talebooks.com/
Torrents
Textbook Torrents
BitMe.org
TheVault.bz
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A origem da teimosia


“A nossa vida é aquilo que os nossos pensamentos fizeram dela” (Marco Aurélio, 121-180).
Razão teve Johann Wolfgang von Goethe quando disse: “Qualquer ideia proferida desperta outra ideia contrária”. Julgo residir aqui a semente deitada à terra da polêmica nem sempre bem sucedida quando, em húmus de teimosia, não é “possível discutir com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos”, em citação de Karl Popper.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Noites de Galileu


Informação publicada no Rerum Natura referente o ano Internacional da Astronomia (na imagem, o planeta Marte):

Em todos os cantos do globo, em apenas três dias, vai ocorrer um dos maiores eventos de divulgação científica. No Ano Internacional da Astronomia, mais de meia centena de países vão juntar-se nos dias 22 a 24 de Outubro às comemorações das "Noites de Galileu".

Todas as pessoas de todos os países são convidados a passearem pelo Sistema Solar e a revistarem os achados que ajudaram Galileu Galilei, há 400 anos e com uma luneta apenas, a mudar a História da Humanidade (ver mais informações aqui).

Neste projeto "Noites de Galileu"todos são desafiados a descobrir, o que um dos mais famosos astrónomos de todos os tempos conseguiu ver em 1609 com uma luneta que ele próprio tinha construído. O Sol, Vénus, Júpiter e os seus anéis, Saturno e as estrelas da Via Láctea são alguns dos objetos que desfilarão à frente de milhões de pessoas de todo o mundo.

As "Noites de Galileu" incluem ainda um concurso mundial de astrofotografia, que termina a 27 de Outubro e que premiará os melhores a fotografarem o céu visto a partir da Terra e os objetos celestes mais longínquos (o regulamento do concurso está disponível online aqui).

Os participantes poderão ainda conhecer as técnicas que os especialistas hoje utilizam para registarem fotograficamente os objectos celestes.

Em Portugal varias cidades estão participando, aqui no Brasil não consegui identificar ainda qualquer tipo de iniciativa, o que é lamentável.

sábado, 3 de outubro de 2009

Está tudo ligado


Helena Damião (Rerum Natura) destaca o extrato do livro Está tudo ligado: o poder da música, do autor, Daniel Barenboim, que liga a política e a música em seu título. E qual é o elemento que nestas atividades permite estabelecer a ligação? O pensamento livre no sentido que Espinosa lhe deu e que só a educação permite concretizar.


"A democracia é uma ideia que nasceu na Grécia há milhares de anos. Ao longo dos séculos e milénios, a ideia original perdeu-se, como provam as manifestações contemporâneas do processo democrático. Na Grécia antiga, só os Sábios da sociedade podiam votar e determinar o curso da ação do governo em prol do bem público. Hoje em dia temos o direito de voto universal, e muito bem, mas negamos aos votantes a oportunidade de uma educação completa. O mundo político dos nossos dias só é moderno nas suas manifestações exteriores; a tecnologia veio tornar a comunicação muito mais eficiente, o que, infelizmente, resultou numa exploração e manipulação da população que não teve educação. Na nossa sociedade, o eleitor médio não é versado em nenhuma das artes ou ciências – que eram, no pensamento grego, absolutamente essenciais para qualquer compreensão do que é governar – e não é capaz de pensar para além do presente e do futuro imediato para compreender cabalmente as consequências da ação política. O resultado é uma sociedade duplamente pobre, em que os políticos são obrigados a agir tacitamente em vez de estrategicamente para continuar no poder o tempo suficiente para fazer algumas mudanças, e a opinião pública é ignorante no que toca às questões mais essenciais.


Um dos aspectos mais importantes do pensamento político é a faculdade de usar a estratégia para alterar o estado de coisas, um pouco à semelhança de um compositor que estrategicamente constrói a sua composição, começando por apresentar o material e só depois o transformando. Também um executante tem de ser capaz de ouvir a última nota de uma peça no seu ouvido interno antes tocar a primeira; para isso tem de criar a sua própria realização física da partitura – termo que prefiro a interpretação, palavra de que se usa e abusa – em moldes estratégicos e não tácitos, agindo em vez de reagir. A abordagem tácita está sempre sujeita à reação do executante aos elementos harmónicos, rítmicos e melódicos à medida que eles vão surgindo, e não pode resultar na construção de um todo orgânico feito de todos estes elementos. Só um executante que pensa estrategicamente é capaz de comunicar a estrutura de uma peça musical a quem o escuta, e não apenas os diferentes humores que ela contém.


Atingir a verdadeira liberdade e espontaneidade como executante é como alcançar o domínio dos nossos pensamentos, segundo os princípios de Espinosa. Tal como é fácil confundir o direito a pensar livremente com liberdade de pensamento, também é possível um executante sentir espontaneidade na sua execução quando a verdade é que está limitado pela tendência para reagir às incidências musicais à medida que elas ocorrem."


Referência bibliográfica:- Barenboim, D. (2009). Está tudo ligado: o poder da música. Lisboa: Bizâncio, páginas 61-62.