Cercada por um conteúdo aparentemente mágico, a criatividade é um elemento concreto nas empresas bem-sucedidas. As idéias inovadoras surgem de ambientes favoráveis, onde o risco de ousar não é obstáculo para apostar em novos negócios.
Washington Olivetto, chairman da agência WMcCann e o publicitário responsável por algumas das campanhas mais marcantes da propaganda, deu, em entrevista ao jornal Diário Catarinense, de Floripa (SC), algumas dicas para inspirar a criatividade em quem busca a renovação profissional.
Cobra-se muito criatividade e inovação dos profissionais modernos. Por quê?
Existe um estudo que conclui que, de cada prédio espetacular construído no mundo, são construídos outros 10 mil com investimentos similares que passam despercebidos por não serem criativos, diferentes, talentosos. A criatividade é um elemento fundamental para você construir as novas realidades.
O processo criativo tem mais a ver com inspiração ou com transpiração?
A primeira coisa é você ter muita informação sobre o que vai comunicar. Você soma essas informações, dados quase técnicos, com o talento e com o intuitivo. Não basta ter talento, é preciso adestrá-lo.
Todos podem desenvolver a criatividade?
Algumas pessoas têm em maior quantidade, mas todos podem desenvolver um pouco.
De que forma as pessoas podem estimular a criatividade?
Uma grande ferramenta para isso é não ter preconceito com a informação, adquirir todo e qualquer tipo de informação em todas as áreas e não só na área em que você trabalha. São componentes fundamentais para desenvolver a criatividade.
Na sua agência, por exemplo, como funciona esse processo?
A gente procura adequar a agência. Apesar de ela ter uma disciplina de uma grande empresa, a gente procurar observar características individuais de cada profissional e respeitar de que maneira esse profissional trabalha melhor.
Isso é percebido pelos gestores ou o próprio colaborador deve negociar com o chefe?
Isso é uma coisa dos gestores conversada com as pessoas. Eu te diria que no mundo de hoje, os diretores de RH têm de ser diretores de “atmosfera”, e não de RH.
Freio para boas ideias
Ambiente fechado – O estímulo à criatividade depende de um conjunto de variáveis nos quais a pessoa está envolvida. Se a empresa não oferece abertura ao funcionário, ele tende a se inibir para expor novas ideias.
Generalizar potenciais – A liderança que não sabe identificar o potencial de cada um dificilmente estimula a criatividade. O profissional criativo tende a ter um perfil diferenciado, menos obediente, com a autoestima elevada.
Não permitir indagações - Não permitir indagações pode levar a empresa a ficar em um sistema equivocado por anos.
Ficar preso a um segmento - A criatividade passa pelo conhecimento de diversas áreas. Ficar fechado em um ramo tende a deixar a empresa viciada em um processo único, sem enxergar possibilidades de inovação.
Estímulo para boas ideias
Ambiente favorável - Criar um ambiente de trabalho mais flexível, menos autoritário, no qual os funcionários se sintam à vontade para sugerir ideias ou mudanças.
Tolerar erros - Ousar é correr riscos, o que inclui sucesso ou fracasso. Dos erros, surge o aprendizado e até mesmo soluções para algo nem sequer pensado.
Desprender-se do próprio negócio - Quando uma empresa se torna altamente especializada em determinado ramo, acaba criando barreiras para inovar. Enxergar experiências em outras áreas é fundamental para estimular a criatividade.
Enxergar novos mercados - Uma ideia não precisa ser nova para ser inovadora. Ao identificar mudanças no comportamento social e investir em soluções diferentes, a empresa pode alcançar um modelo de negócios de sucesso.
(DC, 19/5-2011)
Retirado do blog Estratégia & Estrutura