Não teria havido o número de civilizações que houve, nem certas pessoas teriam sido tão prósperas como foram, se a telepatia tivesse sido uma faculdade normal entre os homens. Pelo contrário, só foi possível chegar-se onde se chegou mercê da faculdade do segredo e do engano.
Se todos disséssemos uns aos outros tudo o que pensamos, ou até se em certos contextos não disséssemos precisamente o contrário daquilo que pensamos, muitos de nós não teriam prosperado nem vingado na vida. E isto é assim porque a vida humana é intrinsecamente conflituosa devido à pluralidade de valores e de interesses.
Há um contrato tácito entre os humanos quanto ao fato de não dizerem tudo o que lhes vai na cabeça, ou de dizerem coisas em relação aos outros quando estes sabem que não corresponde à verdade. E provavelmente ficaríamos horrorizados se não fosse assim. Muitos de nós aceita com toda a calma que outro lhe diga “prazer em ver-te” mesmo que saiba de antemão que essa pessoa não está a ter prazer nenhum em ver-nos. E o mais engraçado é que nós pagamos com a mesma moeda em relação a eles.
Toda a gente sabe que se passa muito mais dentro de nós do que aquilo que estamos dispostos a mostrar em público. O nosso Eu exige que coloquemos uma determinada máscara sempre que tenhamos de enfrentar a esfera pública. E é assim que a sociedade funciona, com muito auto-engano. Só assim é que se podem fazer as maiores patifarias com toda a tranquilidade. Até no contexto da intimidade conjugal ou entre amantes há reticências e preservação calculada de um certo domínio secreto.
No entanto, pouca gente conseguiria viver sem enlouquecer, se não tivesse alguém em quem confiar e desabafar uma boa pare daquilo que não consegue dizer a ninguém. É neste momento que entra o padre em cena, com o seu confessionário e prescrição de penitências.
Imagem – Caravaggio, A incredulidade de São Tomé
Texto de: Fernando Dias Braga - Blog A Fisga http://ferndias.blogspot.com/2010_10_01_archive.html
Se todos disséssemos uns aos outros tudo o que pensamos, ou até se em certos contextos não disséssemos precisamente o contrário daquilo que pensamos, muitos de nós não teriam prosperado nem vingado na vida. E isto é assim porque a vida humana é intrinsecamente conflituosa devido à pluralidade de valores e de interesses.
Há um contrato tácito entre os humanos quanto ao fato de não dizerem tudo o que lhes vai na cabeça, ou de dizerem coisas em relação aos outros quando estes sabem que não corresponde à verdade. E provavelmente ficaríamos horrorizados se não fosse assim. Muitos de nós aceita com toda a calma que outro lhe diga “prazer em ver-te” mesmo que saiba de antemão que essa pessoa não está a ter prazer nenhum em ver-nos. E o mais engraçado é que nós pagamos com a mesma moeda em relação a eles.
Toda a gente sabe que se passa muito mais dentro de nós do que aquilo que estamos dispostos a mostrar em público. O nosso Eu exige que coloquemos uma determinada máscara sempre que tenhamos de enfrentar a esfera pública. E é assim que a sociedade funciona, com muito auto-engano. Só assim é que se podem fazer as maiores patifarias com toda a tranquilidade. Até no contexto da intimidade conjugal ou entre amantes há reticências e preservação calculada de um certo domínio secreto.
No entanto, pouca gente conseguiria viver sem enlouquecer, se não tivesse alguém em quem confiar e desabafar uma boa pare daquilo que não consegue dizer a ninguém. É neste momento que entra o padre em cena, com o seu confessionário e prescrição de penitências.
Imagem – Caravaggio, A incredulidade de São Tomé
Texto de: Fernando Dias Braga - Blog A Fisga http://ferndias.blogspot.com/2010_10_01_archive.html
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