sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O que impede o PDCA de girar na área pública?



1. Utilizando a roda já criada.

O método PDCA foi desenvolvido na década de 30 pelo americano Shewhart e divulgado mundialmente por Dening, e serve para medir e avaliar processos, contemplando, inclusive o planejamento e a documentação destes.

O método é simples e contempla 4 (quatro) estágios:

P (Plan = Planejar)
D (Do = Executar)
C (Check = Verificar)
A (Action = Agir)

O Planejamento é uma função administrativa, responsável por construir os caminhos para um referencial futuro. Tratando-se de um processo de deliberação que identifica os recursos existentes, estrutura as ações, identifica responsabilidades, fixa metas e prazos para serem cumpridos, tendo em vista o alcance de uma visão futura compartilhada, que contemple no mínimo o compromisso da organização com a sustentabilidade socioambiental e a possibilidade de contingências.

A execução é função administrativa responsável por realizar o plano de trabalho traçado pelo planejamento, utilizando-se dos recursos previamente identificados, quantificados e customizados.

O Controle é função administrativa, responsável pela verificação permanente das atividades realizadas, aferindo se todas as tarefas que estão sendo realizadas, estão de acordo com o que foi planejado. Esta verificação contempla: o monitoramento do cronograma de execução, a qualidade dos insumos utilizados, as competências exigidas das pessoas que realizam as tarefas, o fluxo financeiro, e o ambiente em toda sua dimensão ergonômica, funcional e de compromisso assumido com a sustentabilidade socioambiental.

O Agir é a função administrativa que impõe para o gestor, a tomada de decisão necessária para solucionar problemas identificados pelo controle, que podem comprometer parcial ou totalmente, o plano de ação aprovado.

2. Roda furada

Nas organizações públicas, o ciclo do PDCA não gira em razão de alguns dos motivos relacionados a seguir:
* O planejamento não está a serviço da sociedade e sim do poder político. Neste cenário, a alocação de recursos previamente negociados, dita a estruturação das ações públicas.
* A execução não é cobrada e de preferência é terceirizada.
* O controle é realizado meses ou anos após o término de uma tarefa, apenas em documentos que aceitam tudo.
* O agir corretivo não existe em razão do procedimento anterior que somente ocorre no momento após a finalização da tarefa.

3. Sem macaco para trocar a roda

A tragédia da área pública ganha uma nova dimensão com a visão distorcida de que a função controle precisa ser ampliada. E aí se cria cargos de Auditores, Inspetores, Controle Interno, etc, com salários diferenciados e poderes especiais, para fazer a estrutura organizacional andar. A visão departamentalizada do controle, criou seres iluminados, únicos com a capacidade de identificar buracos e propor rigorosos pareceres, indicando a melhor maneira de tapar o buraco recém descoberto. É uma nova forma de brincar com o dinheiro do contribuinte.

4. Uma roda que não fura

Os gestores públicos precisam urgentemente compreender que o termo unicidade impõem a todos os participantes de uma organização, a visão compartilhada do que precisa ser feito, o comprometimento comum com o resultado, a valorização integral de todos os integrantes da organização, o senso de que responsabilidade socioambiental, e a ética como guia, na geração de resultados.
Planejar, executar, controlar e agir, são atividades permanentes, que devem estar presentes em todos os momentos de um processo produtivo. As competência exigidas para determinada tarefa de um processo é que dita a maior ou menor capacidade operacional requerida, e o salário a ser pago, sendo no entanto, a responsabilidade pela execução de igual valor para todos, num ambiente de visão compartilhado.

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